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Crise Hídrica Acalma, Mas Vigilância Continua
As recentes chuvas que banharam o país trouxeram um alívio bem-vindo aos reservatórios e mananciais, afastando o fantasma do racionamento e da crise hídrica que tanto assombrou os brasileiros nos últimos anos. A melhora nos níveis de água já se reflete, em algumas regiões, na diminuição das tarifas e na maior disponibilidade do recurso para a população. Contudo, especialistas alertam: o momento não é de relaxamento, mas sim de reforçar a importância do consumo consciente e de investimentos em infraestrutura para garantir a segurança hídrica a longo prazo.
De acordo com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), os principais reservatórios do Sudeste, região que concentra grande parte da população e da atividade econômica do país, operam com níveis mais confortáveis em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa recuperação é resultado não apenas das chuvas, mas também de medidas de gestão implementadas, como a otimização da operação dos reservatórios e campanhas de conscientização sobre o uso racional da água.
Apesar do cenário mais favorável, a crise hídrica recente deixou marcas profundas e lições importantes. A escassez de água expôs a fragilidade da infraestrutura de saneamento básico em muitas cidades, com perdas significativas no sistema de distribuição e falta de investimentos em novas fontes de captação e tratamento.
Para além da disponibilidade imediata, a questão do saneamento básico emerge como um desafio central para garantir o acesso universal à água potável e o uso sustentável dos recursos hídricos. Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o Brasil ainda enfrenta um déficit significativo em relação à coleta e tratamento de esgoto, o que compromete a qualidade da água e a saúde da população.
O Marco Legal do Saneamento Básico, aprovado em 2020, estabeleceu metas ambiciosas para a universalização dos serviços de água e esgoto até 2033. No entanto, o cumprimento dessas metas exige um esforço conjunto do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil, com investimentos maciços em infraestrutura, tecnologias inovadoras e gestão eficiente.
Nesse contexto, o consumo consciente da água se torna ainda mais relevante. Pequenas mudanças de hábitos no dia a dia, como evitar o desperdício na hora de lavar a louça, tomar banhos mais curtos e reutilizar a água da máquina de lavar, podem fazer uma grande diferença na preservação dos recursos hídricos.
A conscientização sobre a importância da água deve ser constante, com campanhas educativas que incentivem o uso responsável e alertem para os riscos do desperdício. Afinal, a água é um bem essencial para a vida e para o desenvolvimento sustentável, e a sua preservação é responsabilidade de todos.
Fontes:
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA): (https://www.gov.br/ana/pt-br)
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS): (http://www.snis.gov.br/)
Marco Legal do Saneamento Básico: Lei nº 14.026/2020.